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Fila de espera no SUS cresce com cadastros desatualizados

Confira o editorial


A saúde pública enfrenta um desafio silencioso que compromete a eficiência do atendimento à população: a desatualização dos dados cadastrais dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Este problema, aparentemente simples, tem consequências graves, como evidenciado pela recente parceria entre o Hospital Santa Marcelina e a Prefeitura de Porto Velho para a realização de cirurgias eletivas.

Desde junho, essa iniciativa já beneficiou 176 pacientes com procedimentos cirúrgicos, um número expressivo, mas aquém do potencial. O motivo? A dificuldade em contatar os pacientes na fila de espera. Muitos cidadãos mudam de número de telefone ou endereço sem atualizar seus dados no sistema, criando um obstáculo significativo para a comunicação sobre agendamentos de exames e cirurgias.

Esta situação frustra os esforços das equipes de saúde e prolonga o sofrimento daqueles que aguardam ansiosamente por procedimentos médicos. O contrato entre a prefeitura e o hospital prevê 807 cirurgias eletivas, abrangendo 20 modalidades de procedimentos. No entanto, esse objetivo pode ser comprometido se não houver uma mudança na conscientização da população sobre a importância da atualização cadastral.

A Central de Regulação da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) enfrenta diariamente o desafio de localizar pacientes com informações desatualizadas. Isso tem atrasado o processo de agendamento, além de desperdiçar recursos preciosos que poderiam ser direcionados para o atendimento de mais pessoas.

É fundamental que os cidadãos compreendam que o Cartão do SUS não é apenas um documento burocrático, mas uma ferramenta vital para garantir o acesso eficiente aos serviços de saúde pública. A atualização regular dos dados cadastrais é um ato de responsabilidade cívica que beneficia tanto o indivíduo quanto a comunidade como um todo.

Felizmente, o processo de atualização foi simplificado. Além das unidades de saúde, os usuários podem atualizar seus dados através do aplicativo MeuSUSDigital ou pelo site oficial. Esta facilidade deve ser amplamente divulgada e incentivada pelas autoridades de saúde.

O Programa Nacional de Redução de Filas, com um investimento substancial do Governo Federal, é uma iniciativa louvável para melhorar o acesso aos serviços de saúde. No entanto, seu sucesso depende da colaboração ativa dos cidadãos na manutenção de seus dados atualizados.

É hora de uma campanha massiva de conscientização sobre a importância da atualização cadastral no SUS. As escolas, os meios de comunicação e as próprias unidades de saúde devem ser mobilizados para educar a população sobre este tema crucial. Além disso, é necessário explorar soluções tecnológicas inovadoras que facilitem ainda mais o processo de atualização e notificação dos usuários.

A saúde é um direito de todos e um dever do Estado, como preconiza nossa Constituição. Mas para que esse direito seja plenamente exercido, é necessária uma parceria efetiva entre o poder público e os cidadãos. A atualização cadastral no SUS é um pequeno gesto individual que pode fazer uma grande diferença coletiva, reduzindo filas, otimizando recursos e, acima de tudo, salvando vidas.

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