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Lucro vs. Vida: O drama do ar poluído em Porto Velho

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A situação alarmante que assola Porto Velho, capital de Rondônia, é um grito de socorro que não podemos mais ignorar. Mais uma vez, a cidade amanheceu com a pior qualidade do ar do país, atingindo níveis considerados "perigosos" pela empresa suíça IQAir. Nesta semana, o Índice de Qualidade do Ar (IQA) chegou a marcar 557, o dobro do registrado no início do mês, evidenciando uma deterioração rápida e assustadora do ar que os porto-velhenses respiram.

Este cenário catastrófico é resultado direto da ação humana irresponsável. O desmatamento desenfreado, a expansão descontrolada de pastagens e as queimadas excessivas têm transformado a região em um "inferno" de fumaça e cinzas. Julho foi o pior mês em quase duas décadas em termos de focos de queimadas em Rondônia, um triste recorde que reflete a ganância e a falta de visão de longo prazo de alguns setores da sociedade.

Os impactos na saúde da população são devastadores. A exposição prolongada a níveis tão elevados de poluição do ar está associada a uma série de problemas de doenças graves, incluindo as respiratórias, as cardíacas e até mesmo o câncer. Crianças, idosos e pessoas com comorbidades são particularmente vulneráveis. Estamos, literalmente, sacrificando vidas no altar do lucro fácil.

Mas o dano vai além da saúde humana. A destruição da floresta amazônica, vital para o equilíbrio climático global, tem consequências que ultrapassam as fronteiras de Rondônia e do Brasil. Estamos comprometendo a estabilidade climática do planeta, ameaçando a biodiversidade e contribuindo para mudanças climáticas que afetarão gerações futuras.

É hora de questionarmos: a ganância por dinheiro justifica ou dá o direito a alguém de comprometer a vida no planeta? Esse modelo capitalista de progresso é o mais viável para a humanidade? A resposta é um retumbante não. Nenhum lucro, por maior que seja, pode compensar a destruição do nosso lar comum e o comprometimento da saúde e do bem-estar de milhões de pessoas.

Precisamos de ação imediata e decisiva. As autoridades devem implementar e fazer cumprir rigorosamente leis que protejam nossas florestas e punam severamente os responsáveis por queimadas ilegais e desmatamento. É necessário investir em alternativas econômicas sustentáveis que não dependam da destruição do meio ambiente e combater com veemência o negacionismo ambiental.

Como sociedade, devemos repensar nossos padrões de consumo e exigir produtos que não contribuam para o desmatamento. Cada um de nós tem um papel a desempenhar nesta luta pela preservação da vida.

O ar que respiramos em Porto Velho hoje é um alerta dramático. Não podemos continuar ignorando os sinais que a natureza nos envia. É hora de agir, antes que seja tarde demais. O verdadeiro progresso e desenvolvimento só podem ser alcançados em harmonia com o meio ambiente, não às suas custas. O futuro de Porto Velho, da Amazônia e do planeta depende das escolhas que fazemos hoje. Que possamos, então, escolher sabiamente, priorizando a vida sobre o lucro efêmero.

Diário da Amazônia

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