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Cinco mil campos de futebol ardem em fogo em Rondônia

Confira o editorial


A tragédia que se desenrola no interior de Rondônia é um grito de alerta que não pode mais ser ignorado. O incêndio que devasta a região de Alvorada D’Oeste não pode ser visto apenas como uma calamidade local, essa tragédia é, na realidade, um símbolo da negligência sistemática que ocorre na Amazônia e não só em Rondônia. Não é mais possível tolerar essa situação criminosa. Milhares de hectares reduzidos a cinzas, décadas de trabalho árduo de produtores rurais destruídas em dias, e uma biodiversidade inestimável sendo consumida pelas chamas. Este não é um mero acidente, mas o resultado de anos de políticas ambientais frouxas e fiscalização inadequada.

Os números são alarmantes. O aumento exponencial de queimadas em Rondônia desde o início do ano, com uma concentração assustadora em agosto, revela uma tendência perigosa. Estamos testemunhando não apenas a destruição da natureza e meios de subsistência, mas o desmantelamento gradual de um ecossistema vital para o equilíbrio climático global. É louvável o esforço heroico de produtores e voluntários que arriscam suas vidas para combater as chamas. No entanto, é inadmissível que cidadãos comuns tenham que assumir uma responsabilidade que deveria ser primariamente do Estado. A chegada tardia de equipes especializadas de bombeiros apenas evidencia a falta de preparo e recursos para lidar com emergências dessa magnitude.

Não podemos mais nos dar ao luxo de tratar a Amazônia e Rondônia como um recurso inesgotável. Cada hectare queimado é uma perda irreparável para o Brasil e para o mundo. É imperativo que haja uma mobilização em todas as esferas governamentais, ao invés de apenas propaganda. Precisamos de investimentos massivos em prevenção, monitoramento e combate a incêndios. É necessária uma revisão urgente das políticas de uso da terra e um fortalecimento significativo dos órgãos de fiscalização ambiental.

Mais do que isso, é preciso uma mudança de mentalidade. A preservação da Amazônia não pode ser vista como um obstáculo ao desenvolvimento, mas como a própria base de um futuro sustentável para o Brasil. Cada brasileiro deve se sentir responsável por este patrimônio natural inestimável. O futuro da região, e por extensão do Brasil, está em jogo. As chamas que consomem Rondônia hoje podem ser o prenúncio de um desastre muito maior se não agirmos agora. Não podemos mais nos dar ao luxo da inação ou da resposta tímida.

É hora de transformar a indignação em ação concreta. O Brasil tem os recursos, o conhecimento e o dever de proteger a Amazônia. O que falta é vontade política e engajamento social. A escolha é nossa: ou agimos agora com determinação e urgência, ou assistiremos impotentes ao desaparecimento gradual de nosso maior tesouro natural. O tempo está se esgotando, e as chamas em Rondônia são um lembrete ardente de que o futuro da Amazônia — e o nosso — está em nossas mãos.

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