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Voos cancelados: O preço da negligência com a floresta

Confira o editorial


A fumaça que encobre os céus de Rondônia, além de um incômodo visual e respiratório, representa também uma grave ameaça à segurança, à economia e ao bem-estar da população. Pelo terceiro dia consecutivo, voos foram cancelados no estado, afetando dois trechos operados pela Latam. Embora a administração do aeroporto tenha reprogramado, essa situação recorrente expõe uma realidade alarmante que não pode mais ser ignorada.

O cancelamento de voos é apenas a ponta do iceberg de um problema muito maior. A fumaça que assola Rondônia é um sintoma claro do descontrole no manejo do meio ambiente, especialmente no que diz respeito às queimadas e ao desmatamento. Essas práticas, muitas vezes ilegais, destroem a rica biodiversidade da região e coloca ainda coloca em risco a saúde pública e mais, comprometem também setores vitais da economia, como o transporte aéreo.

É importante ressaltar que os impactos dessa situação vão muito além dos inconvenientes causados aos passageiros afetados. O cancelamento de voos prejudica o turismo, dificulta negócios, atrasa entregas de mercadorias e medicamentos, e isola ainda mais uma região que já sofre com problemas de infraestrutura. Além disso, a persistência da fumaça por dias a fio expõe a população local a riscos de doenças, especialmente grupos vulneráveis como idosos, crianças e pessoas com doenças respiratórias.

A reprogramação dos voos para o período da tarde, embora seja uma medida paliativa, não resolve o problema de fundo. É uma adaptação forçada a uma situação que não deveria existir em primeiro lugar. Precisamos de ações concretas e imediatas para combater as causas dessa crise ambiental.

É hora de as autoridades locais e federais agirem com mais rigor. Precisamos de fiscalização intensificada, punições severas para os responsáveis por queimadas ilegais, e investimentos maciços em tecnologias de monitoramento e prevenção de incêndios. Além disso, é fundamental promover alternativas econômicas sustentáveis que não dependam da destruição da floresta.

A sociedade civil também tem um papel crucial a desempenhar. Devemos exigir transparência nas ações governamentais, apoiar organizações que trabalham na preservação do meio ambiente e adotar práticas mais sustentáveis em nosso dia a dia.

A situação em Rondônia é um alerta para todo o Brasil. Se não agirmos agora, corremos o risco de normalizar uma situação que é tudo, menos normal. A fumaça que cancela voos hoje pode ser o prenúncio de um futuro ainda mais sombrio, onde a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico estejam permanentemente comprometidos.

Não podemos permitir que a fumaça continue a obscurecer não apenas nossos céus, mas também nosso futuro. É hora de limpar o ar, tanto literal quanto figurativamente, e traçar um novo rumo para Rondônia e para a Amazônia como um todo. O desafio é imenso, mas o custo da inação é infinitamente maior. Que os voos cancelados de hoje sejam o catalisador para uma mudança real e duradoura.

Diário da Amazônia

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