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Decreto tardio põe Rondônia na luta contra queimadas

Confira o editorial


O decreto emergencial publicado pelo governo de Rondônia na última quarta-feira, suspendendo a permissão para o uso do fogo em todo o estado por 90 dias, é uma medida necessária, porém tardia. A gravidade da situação ambiental que enfrentamos nas últimas semanas demandava uma ação mais rápida e assertiva por parte das autoridades.

O aumento alarmante de 23,7% nos focos de incêndio somente em agosto é um dado que não pode ser ignorado. Este cenário catastrófico, agravado pela escassez de chuvas e pela intensificação do fenômeno El Niño, já era previsível. Especialistas há tempos alertavam sobre as condições climáticas adversas que se aproximavam, tornando o risco de queimadas ainda mais elevado.

A implementação do Plano de Operações para Temporada de Incêndios Florestais (POTIF) 2024, traçado pelo Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia, é louvável. No entanto, questiona-se por que tal plano não foi posto em prática com maior antecedência. A mobilização de todos os órgãos estaduais, sob coordenação do Comitê Estadual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (CEPCIF), deveria ter ocorrido antes que a situação atingisse níveis tão alarmantes.

É fundamental reconhecer que a prevenção é sempre mais eficaz e menos custosa que o combate. Ao permitir que a situação se agravasse a tal ponto, colocou-se em risco o patrimônio ambiental de Rondônia e também a saúde e o bem-estar da população. A fumaça resultante das queimadas que ocorrem no estado afeta diretamente a qualidade do ar, podendo causar problemas respiratórios graves, especialmente em crianças.

Além disso, o impacto econômico dessas queimadas não pode ser subestimado. A destruição de áreas florestais afeta diretamente a biodiversidade, podendo resultar em perdas incalculáveis para o ecoturismo e para as comunidades que dependem dos recursos naturais para sua subsistência. Ademais, a imagem do estado como destino turístico e polo de desenvolvimento sustentável fica seriamente comprometida.

É necessário que, além das medidas emergenciais, o governo de Rondônia implemente políticas de longo prazo para prevenir futuros desastres ambientais. Isso inclui investimentos em educação ambiental, fiscalização mais rigorosa, incentivos para práticas agrícolas sustentáveis e o fortalecimento dos órgãos de proteção ambiental.

A sociedade civil também tem um papel crucial a desempenhar. É necessário que haja uma mudança de mentalidade, com a população reconhecendo a importância da preservação ambiental e denunciando práticas ilegais de queimadas. Apenas com um esforço conjunto entre governo e sociedade será possível reverter essa situação alarmante e garantir um futuro mais sustentável para Rondônia.

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