As projeções do Anuário Estadual de Mudanças Climáticas colocam o Estado de Rondônia no centro de um debate urgente e necessário. O norte do estado, em particular, emerge como uma das regiões mais vulneráveis aos efeitos das transformações climáticas, com grandes impactos que afetam desde a saúde pública até a economia local. O aumento de doenças como malária e leishmaniose, prejuízos agrícolas e eventos extremos, como chuvas intensas e secas históricas, são sinais claros de que a crise climática já é uma realidade para os rondonienses.
No entanto, o que mais chama atenção é a combinação de fatores que tornam Rondônia especialmente vulnerável. A precariedade da infraestrutura viária, a falta de recursos para investimentos em prevenção e a dependência de atividades econômicas sensíveis ao clima, como a agricultura e a geração de energia hidrelétrica, criam um cenário desafiador. As recentes chuvas que alagaram Porto Velho e as secas que reduziram a capacidade das usinas de Santo Antônio e Jirau são exemplos concretos de como os extremos climáticos podem afetar a vida das pessoas e a economia do estado.
É inegável que as mudanças climáticas exigem ações imediatas e coordenadas. O Anuário Estadual, desenvolvido pelo Centro Brasil no Clima (CBC) e pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), é um passo importante nessa direção. Ao reunir dados detalhados e propor recomendações baseadas em evidências, o documento oferece um caminho para que governos, empresas e sociedade civil possam atuar de forma conjunta e eficaz na prevenção a esse fenômeno.
No entanto, a implementação dessas ações ainda é um desafio. Investimentos em infraestrutura, sistemas de alerta precoce e educação ambiental são essenciais, mas dependem de recursos financeiros e vontade política. Além disso, é fundamental que as políticas públicas sejam pensadas de forma integrada, considerando não apenas os impactos ambientais, mas também não só os sociais como os econômicos.
A situação do Estado de Rondônia também nos lembra que a crise climática é um problema global, mas com impactos locais muito específicos. Enquanto o mundo discute metas de descarbonização e transição energética, os moradores de Porto Velho enfrentam alagamentos, os agricultores lidam com perdas nas lavouras e os profissionais de saúde combatem surtos de doenças.
Nesse contexto, a esperança reside na capacidade de adaptação e resiliência das comunidades locais expostas à crise climática. A história recente de Rondônia, marcada por desafios como a cheia histórica do rio Madeira em 2014 e as secas de 2024, mostra que é possível superar adversidades quando há união e determinação.
Cabe agora aos líderes políticos, empresariais e comunitários transformar essa determinação em ações concretas. O tempo é curto, mas a oportunidade de construir um futuro mais sustentável e resiliente para Rondônia ainda está ao nosso alcance.
Diário da Amazônia