Imagem: Agência Brasília
As escalas de trabalho, como 6x1, 5x2 e 4x3, estão no centro das discussões sobre alterações na legislação trabalhista no Brasil. Propostas recentes visam reduzir a jornada semanal e proporcionar mais dias de descanso, o que pode trazer impactos na qualidade de vida dos trabalhadores e na dinâmica operacional de empresas.
Regulamentadas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), essas escalas variam conforme as demandas de cada setor. A escala 6x1, com seis dias de trabalho e um de folga, é a mais comum, especialmente no comércio e alimentação, e garante ao trabalhador pelo menos um domingo de descanso a cada sete semanas. Já a escala 5x2, que oferece dois dias consecutivos de folga após cinco dias de trabalho, é popular no setor administrativo. Menos comuns, mas em crescimento, estão as escalas 4x3, que oferecem três dias consecutivos de descanso para maior equilíbrio entre trabalho e lazer, e as escalas horárias, como a 12x36, usada em áreas que demandam cobertura contínua, como saúde e segurança.
O retorno das escalas de trabalho ao centro dos debates se intensificou com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da deputada Erika Hilton (PSOL), que sugere uma semana de quatro dias de trabalho. A proposta gerou discussões nas redes sociais e entre especialistas sobre o impacto desses modelos na saúde física e mental dos trabalhadores e nos desafios de adaptação para empresas.
Para entender os prós e contras dessas escalas, advogados especialistas explicam as particularidades de cada modelo. Segundo João Valença, advogado trabalhista, cada escala deve seguir os limites da CLT e, se necessário, incluir acordos coletivos. A advogada Juliana Mendonça acrescenta que o trabalhador tem direito ao descanso semanal remunerado e a folgas periódicas, como um domingo a cada sete semanas.
Em setores onde se exigem escalas como 18x36 ou 24x48, que não estão diretamente na CLT, a necessidade de acordo sindical é essencial para proteger os trabalhadores. Para João Valença, a escala 6x1, amplamente usada no varejo, tem benefícios como maior produtividade, mas pode comprometer o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Já Mendonça pontua que a falta de folgas fixas afeta o convívio familiar e pode causar estresse, enfatizando a importância de uma organização das folgas para a saúde dos empregados.
Modelos como o 4x3, que oferecem dias consecutivos de descanso, são vistos como benéficos à saúde, mas exigem negociações coletivas e ajustes operacionais. Em contrapartida, jornadas mais longas como 12x36 e 24x48 demandam atenção para evitar sobrecarga e promover uma recuperação adequada do trabalhador.
A proposta de Hilton sobre redução de jornada fortaleceu o debate sobre a importância das escalas de trabalho e as condições de saúde dos profissionais. Para Valença e Mendonça, qualquer mudança no modelo de jornada requer diálogo multilateral entre empresas, sindicatos e governo, visando equilibrar interesses e preservar direitos trabalhistas essenciais. A advogada afirma que uma rotina com folgas regulares, como a escala 5x2, oferece melhor qualidade de vida, permitindo o planejamento familiar e pessoal.
Negociações coletivas, portanto, são fundamentais para que cada escala de trabalho atenda às necessidades específicas dos setores. Segundo Mendonça, testes de novos modelos antes de aplicá-los amplamente são essenciais para evitar riscos ao emprego e à estabilidade econômica, permitindo que empresas e trabalhadores se adaptem às novas demandas e benefícios de organização.
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