No Brasil, adolescentes engravidam 4 vezes mais que em países desenvolvidos
Free Photos/ Unsplash
Em 22% dos municípios, a taxa de gravidez na adolescência é comparável à dos países mais pobres do mundo, de acordo com o levantamento da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), publicado nesta segunda-feira (21). Em geral, adolescentes brasileiras engravidam quatro vezes mais do que meninas de países considerados desenvolvidos.
O estudo, financiado pela Umane, mostra que uma em cada 23 meninas (de 15 a 19 anos) se torna mãe por ano. Entre 2020 e 2022, foram mais de 1 milhão de partos de mães adolescentes nessa faixa etária — e mais de 49 mil nascimentos de mães entre 10 e 14 anos, idade em que toda gestação é, por lei, resultado de estupro de vulnerável.
A pesquisa mostra que as as taxas em mais de 5,5 mil municípios expôs um quadro considerado pelos pesquisadores de "profunda desigualdade". No Norte, o índice chega a 77,1 nascimentos por mil meninas de 15 a 19 anos — mais que o dobro do observado no Sul (35 por mil).
Quase 70% dos municípios brasileiros têm taxas piores do que seria esperado para um país de renda média-alta. "Era esperado que a maioria dos municípios apresentasse indicadores parecidos com os de países de renda semelhante, mas o que observamos foi um padrão muito mais próximo ao de países de renda média-baixa ou até mesmo de baixa renda", afirma o epidemiologista Aluísio Barros, que coordenou o estudo.
Enquanto a taxa total de fecundidade no Brasil caiu para 1,6 filho por mulher — nível próximo ao dos países ricos — as adolescentes brasileiras continuam engravidando em ritmo acelerado.
"A gravidez na adolescência não é uma escolha, mas o desfecho de um contexto de privação e falta de oportunidades", afirma Barros. "Precisamos de políticas públicas que ataquem as causas básicas do problema: a pobreza, a evasão escolar, a falta de acesso a serviços e de perspectivas para o futuro", afirma o pesquisador.
cnnbrasil