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O mais recente levantamento da Febraban revela uma narrativa complexa sobre o sentimento dos brasileiros em relação ao futuro do país. Embora quase metade da população (49%) mantenha expectativas positivas para 2025, observamos uma tendência preocupante: o decréscimo de dez pontos percentuais no otimismo em comparação com dezembro do ano anterior.
Esta dualidade entre esperança e apreensão reflete fielmente o momento atual do Brasil. Por um lado, 66% dos entrevistados reconhecem melhorias ou estabilidade em 2024 comparado a 2023, evidenciando que, para muitos, houve avanços tangíveis. O mercado de trabalho mais aquecido certamente contribuiu para esta percepção positiva, proporcionando maior segurança financeira a muitas famílias.
Contudo, não podemos ignorar os sinais de alerta. O aumento significativo daqueles que percebem piora na situação do país — de 20% para 32% em um ano — sugere que os desafios econômicos e ambientais começam a pesar mais no imaginário coletivo. A persistência de juros elevados, pressões inflacionárias e as graves questões ambientais, como secas e queimadas, corroem gradualmente o otimismo característico do povo brasileiro.
É particularmente notável que o percentual dos que preveem piora para 2025 tenha saltado para 28%, um aumento de 11 pontos em relação ao ano anterior. Este dado pode indicar que, apesar da resiliente esperança brasileira, cresce uma consciência mais crítica sobre os obstáculos estruturais que o país precisa superar.
O momento atual exige uma análise equilibrada. Se por um lado temos indicadores positivos no mercado de trabalho, por outro enfrentamos desafios macroeconômicos e ambientais que não podem ser minimizados. O otimismo brasileiro, embora ainda relevante, parece estar sendo temperado por uma dose maior de realismo.
Esta moderação do otimismo pode, paradoxalmente, ser um sinal positivo de amadurecimento da sociedade brasileira, que começa a equilibrar melhor esperança e pragmatismo. O desafio será transformar esta consciência mais crítica em ações efetivas para o desenvolvimento sustentável do país.
É fundamental que este momento de transição nas expectativas da população sirva como alerta para gestores públicos e formuladores de políticas. A confluência entre esperança e ceticismo pode ser o terreno fértil para mudanças estruturais há muito necessárias. Quando uma sociedade equilibra otimismo com realismo, torna-se mais propensa a apoiar reformas significativas e abraçar transformações fundamentais.
O desafio está em canalizar esta energia para ações concretas que possam, efetivamente, criar as bases para um futuro que justifique tanto a histórica esperança brasileira quanto atenda às crescentes demandas por resultados palpáveis.
Diário da Amazônia