Sem recursos, Ana viveu momentos extremos, chegando a passar fome.
Breno França
Realizado pela primeira vez em Manaus, o Festival Sabores, Cores e Sons trouxe ao público uma experiência única ao unir gastronomia, cultura e economia criativa. O evento aconteceu no Mercado de Origem da Amazônia, um dos cenários históricos da cidade, e se tornou um marco para o turismo e o empreendedorismo local.
Durante a programação diversificada do festival, uma das histórias que mais emocionaram foi a de Ana Morález, CEO e fundadora da Fusão de Sabores. Com um olhar diferenciado para a gastronomia, Ana mistura influências culinárias da Venezuela, Brasil e outros países, proporcionando uma verdadeira viagem pelo mundo através do paladar. Há cinco anos, Ana chegou a Manaus enfrentando inúmeras dificuldades. Sem recursos, ela viveu momentos extremos, chegando a passar fome. Foi justamente nessa fase que sua relação com a culinária local começou.
"Eu fui obrigada a viver de salgados porque estava com fome, e era a única coisa que tinha. Naquele momento, pedi a Deus sabedoria e meios para aprender a fazê-lo. Hoje, esse mesmo salgado representa o meu carro-chefe e sustenta o meu negócio", conta Ana.
Com determinação, ela aprendeu a arte da culinária manauara e desenvolveu um estilo próprio, que hoje é o diferencial da Fusão de Sabores. Um exemplo é a sua farofa de casca de banana, que surpreende pelo sabor e sustentabilidade.
"Tem um segredinho que eu não revelo, mas garanto que é uma farofa muito especial", brinca Ana.
Representando Manaus no cenário nacional
O talento e a criatividade de Ana já ganharam projeção nacional. Em 2024, ela foi até São Paulo representar o Amazonas na Expo Favela Brasil, um evento que valoriza empreendedores de comunidades. Ana ficou entre os 10 melhores do país, sendo a única representante da Venezuela morando em Manaus.
Seu amor pela cidade foi determinante para suas escolhas. Ela chegou a recusar uma proposta de um grande negócio em outro estado para continuar na capital amazonense e investir em seu próprio restaurante.
"Manaus me acolheu. Estar aqui hoje é um desafio, mas também um recomeço diário. Se eu consegui, tenho certeza de que outras pessoas que se inspiram na minha história também podem conseguir", afirma.
Ana acredita que, apesar das diferenças culturais, a culinária tem o poder de unir pessoas. Seu trabalho na Fusão de Sabores não se limita a criar pratos inovadores, mas também a compartilhar histórias e criar conexões.
"Há coisas que eu não gostava na minha terra e, aqui, aprendi a amar. Tudo com compaixão e respeito pelas culturas", finalizou.
O Festival Sabores, Cores e Sons não apenas celebrou a diversidade gastronômica, mas também destacou histórias inspiradoras como a de Ana Morález. Sua trajetória mostra que, com paixão e resiliência, a culinária pode ser mais do que um ofício, pode ser um instrumento que transforma vidas.
Karol Santos - SGC Amazonas