O Bahserikowi, localizaddo no Centro Histórico de Manaus
Divulgação
Localizado na Rua Bernardo Ramos, no centro histórico de Manaus, o Centro de Medicina Indígena Bahserikowi atende a população com práticas de cura baseadas no conhecimento das etnias Dessana, Tuyuka e Tukano. Fundado em 2017 anos pelo antropólogo indígena João Paulo Barreto, o espaço já realizou mais de 13 mil atendimentos, a maioria para pessoas não indígenas. O centro oferece o "Bahsese", um benzimento tradicional, associado ao uso de plantas medicinais para tratar enfermidades físicas e psicológicas. O centro médico atende de segunda a sábado, das 9h às 16h.
A coordenadora do espaço, Carla Fernandes, afirma que o espaço se tornou um centro de referência. "Acredito que esse era o objetivo, manter viva e difundir não só a medicina indígena principalmente originada da região do Alto Rio Negro, mas toda a cultura envolvida por trás também", comenta. Além dos remédios comercializados e tratamentos com a essência Kumã, o espaço também é um centro de formação. "Eu idealizo o projeto que oferece aulas de artesanato para mulheres indígenas, alguns dos itens produzidos ficam em exposição na loja, disponível para o público", destaca Fernandes.
Artesanato indígena (Reprodução/Carol Veras - SGC)
Eficácia Comprovada
A medicina tradicional indígena tem ganhado reconhecimento por sua eficácia, especialmente no tratamento da dor. Uma pesquisa realizada pela mestra em enfermagem Elaine Barbosa de Moraes, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), revelou que 80% dos 45 indígenas entrevistados das etnias Marubo, Canamari e Matis recorreram à medicina tradicional para alívio da dor, com 64,5% confirmando sua eficácia. Em contraste, apenas 22,2% dos que utilizaram medicamentos convencionais relataram resultados positivos.
Remédios produzidos no Alto Rio Negro (Reprdução/Carol Veras - SGC)
Entre os tratamentos mais utilizados estão os "remédios do mato", feitos com plantas, que proporcionam alívio para 40% dos entrevistados. Outras práticas incluem o uso de gordura animal, enzimas, banhos e rituais de cura, como a pajelança. Para Elaine, a eficácia desses métodos está ligada ao profundo conhecimento indígena sobre os recursos da floresta. "A medicina tradicional indígena tem muito a contribuir para a saúde da população e poderia ser incluída como terapia complementar", afirmou a pesquisadora.
Carol Veras - Portal SGC