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George Orwell ("1984") anteviu um futuro distópico

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Usar bem as palavras

O escritor britânico George Orwell ("1984") anteviu um futuro distópico em que as palavras seriam distorcidas para ter significados dúbios e iludir a população. Seriam "palavras que caem sobre os fatos como neve, confundindo seus contornos e cobrindo todos os detalhes". Isso estaria acontecendo agora com a palavra "bioeconomia" e o conceito que ela incorpora, segundo manifestação de cientistas brasileiros e estrangeiros publicada na revista Ecological Economics. Os pesquisadores que assinam a manifestação merecem atenção porque atuam na Amazônia, como se nota já pelo título da publicação: "Falta de clareza a respeito do conceito bioeconomia pode ser prejudicial aos ecossistemas amazônicos e à sua população".

Em síntese, eles sustentam que a bioeconomia é um termo amplo, com diferentes significados e pode se adequar a diferentes agendas científicas, políticas e mercadológicas. A rigor, não existem palavras compostas com apenas um significado. Em geral elas juntam conceitos de origens diferentes para formar um novo.

Ao juntar bio (vida) e economia, a palavra e o conceito de bioeconomia se amplificam automaticamente, até porque "vida" é por si só um conceito amplíssimo e economia não fica muito atrás. O alerta merece ser observado, sem que a palavra e o conceito de bioeconomia percam seu valor como o necessário caminho do Brasil para seu efetivo desenvolvimento.

Fazendo as contas

Passadas as convenções partidárias já é possível fazer as primeiras contas, levando em consideração que a política não é uma ciência exata, sujeita as constantes mutações. As coisas mudam como as nuvens e seus formatos, já diziam sapientes políticos do passado. A primeira avaliação é que não tem mesmo fundamento a tese dos chapas brancas numa vitória da sua candidata Mariana Carvalho em turno único. É melhor poupar para o previsível segundo turno. São sete candidatos fragmentando o eleitorado da capital e será extremamente difícil a postulante governista alcançar mais da metade do eleitorado para se garantir em turno único.

Apostas dos contras

Nas considerações dos chamados os "Contras", que são os candidatos oposicionistas, só a presença confirmada no pleito de Leo Moraes (Podemos), Célio Lopes (Frente Democrática) e Euma Tourinho (MDB) garantem uma eleição em dois turnos na capital rondoniense. Mas ainda temos mais três candidatos para dividir ainda mais o eleitorado, Benedito Alves (Solidariedade), Samuel Costa (Rede) e Ricardo Frota (Novo). Existe a crença que Leo Moraes (Podemos) já está polarizando com Mariana (União Brasil) em condição de equilíbrio nos bairros mais centrais.

As reviravoltas

Como se sabe, as eleições na capital são repletas de reviravoltas. Começou com a rasteira no candidato favorito Fernando Máximo, no União Brasil e terminou o período de convenções com a desistência de Vinicius Miguel (PSB), um nome sempre bem representativo. No meio do caminho já tinham ficado a ex-senadora Fatima Cleide (PT) e o candidato lançado pelo ex-governador Ivo Cassol, Valdir Vargas Filho (PP). Um indicio que Cassol já não é temível assim, pois não consegue sustentar nem um candidato a prefeito em Porto Velho. Sempre por aqui ele teve candidatos de ponteira, polarizando. Agora nem candidato. Que vexame, Ivo!

Perdas e ganhos

Nas perdas e ganhos das candidaturas, a chapa branca Mariana Carvalho (União Brasil) sai na dianteira, com o apoio de doze partidos e lideranças mais expressivas. Célio Lopes, do PDT que começou como o patinho feio da peleja, uma postulação considerada fraca e desprezada pelos concorrentes, ganhou força e de um provável patinho feio a ser devorado pelos adversários, se transformou num búfalo vitaminado, com adesões importantes nos últimos dias. Já é candidato direto a uma vaga no segundo turno. Também merece menção honrosa, já nesta largada, mana Euma Tourinho (MDB). Tem crescido muito e, como uma onça faminta, devorando intenções de votos de Mariana.

Os coadjuvantes

Considero nesta largada em Porto Velho, os candidatos Benedito Alves (Solidariedade), Samuel Costa (Rede) e Ricardo Frota (Novo), por enquanto coadjuvantes. Benê, porque perdeu sua musculatura inicial, a sua base de apoio, para Leo Moraes, Samuel Costa (Rede/PSOL) em decorrência do isolamento, mesmo encarnando sempre a defesa de Lula, na esquerda. Ricardo Frota (Novo), que representa a nova direita, mais séria no comportamento, é um enigma a ser desvendado. Joga com um discurso agressivo na busca de um lugar ao sol na jornada 2024.

Via Direta

*** O prefeito tampão de Candeias do Jamari, Lindomar Garçom já se vê às voltas com a oposição no enfrentamento de nova eleição em outubro *** A cidade satélite terá pelo menos quatro candidatos na disputa pelo Paço Municipal mais sujo de Rondônia, endividado e desmoralizado pelos últimos alcaides *** Em Ariquemes foi noticiada a desistência da candidatura a prefeito de Lucas Follador, um a menos para descer bordoadas na prefeita Carla Redano *** Em Ji-Paraná com a escolha de Marley Muniz para sua vice, o deputado estadual Afonso Cândido é o postulante que mais ganha terreno na disputa do Palácio Urupá, numa peleja empolgante com o atual prefeito Esaú Fonseca.

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