Colunas | Carlos Sperança

A destruição chega a cavalo, enquanto a restauração demanda longa preparação

Confira a coluna


Ampliar o Arco

A destruição chega a cavalo, enquanto as ações de restauração demandam longa preparação, além de precisar de um reforço adicional: pegar. Pois no Brasil há o curioso fenômeno das leis que pegam, ou seja, são praticadas sem muita contestação, e as que não pegam, ignoradas, à espera de regulamentação ou caducam. No caso do Arco da Restauração da Amazônia, a questão é como recuperar séculos de descuido e crime no menor tempo imaginável, até porque sua montagem depende de uma criteriosa preparação envolvendo diversos atores.

Iniciado em fins de 2023, estima-se que até o fim deste ano o Arco terá recebido recursos ao redor de R$ 1 bilhão. Não se pode esperar demais dele, como também nunca foi completamente exato que basta reduzir as emissões de gases. É correta a suposição de que proteger e recuperar a floresta amazônica é uma tarefa importante para a amenização do clima no mundo, mas é preciso ter claro um fato que nem os mais radicais negacionistas contestam: como tudo consequências, o que se fez nos séculos anteriores apresenta consequências amplas e de difícil correção.

Pelo que significa e pelo dado essencial de que não tem oposição dentro ou fora do país, o Arco da Restauração pode ser o embrião de ações livres da retardante briga entre facções intransigentes, que criam cada qual uma "verdade" para uso próprio e a tentam impor a todos a ferro e fogo.

Na história

Desde que Rondônia foi transformado num estado em meados dos anos 80, sua capital, Porto Velho, teve dois prefeitos nomeados pelos governadores e os demais eleitos pelo voto direto, a partir de 1985. Os nomeados foram Sebastião Assef Valadares, pelo então governador Teixeirão que permaneceu no cargo até 1985, quando assumiu o governo Ângelo Angelim (PMDB) e nomeou José Guedes (PMDB). Com a volta de eleições diretas na capital, foi eleito Jeronimo Santana (PMDB), que permaneceu na função apenas seis meses, em meados de 1986, deixando o cargo para disputar o governo estadual. Seu vice, Tomás Correia completou a gestão.

A Era Chiquilito

Nas eleições municipais de 1988, o ex-deputado federal Chiquilito Erse (PTB) foi eleito e cumpriu sua primeira gestão, com elevada aprovação popular. Mas não elegeria seu sucessor, conquistando o cargo em 1992, o ex-deputado federal José Guedes (PSDB). Este também não conseguiu eleger seu sucessor e com isto em 1986, Chiquilito Erse voltaria ao pódio para sua segunda gestão, que não concluiu. Enfermo, deixou a titularidade para seu vice Carlinhos Camurça que seria reeleito em 2004, mas também não elegendo seu sucessor, um hábito nos anos 90, de alternância entre o MDB/PFL e seus partidos sucedâneos.

Baita reviravolta

As constantes surpresas nas eleições municipais em Porto Velho até então, se transformaram em brutais reviravoltas. O petista Roberto Sobrinho, saiu do zero, para bater o favorito em 2008, Mauro Nazif, numa aliança com o então prefeito Carlinhos Camurça, rejeitada pelas bases. Ambos eram adversários políticos e resolveram se aliar sem ouvir e respeitar a vontade dos seus seguidores. Roberto Sobrinho, com enorme aprovação e uma gestão produtiva, seria reeleito em turno único, cumprindo sua segunda gestão. Em 2012, sem Camurça para lhe atrapalhar a vida, Mauro Nazif seria eleito, numa reviravolta, já que também não era favorito no pleito.

Era Hildon Chaves

Num replay a surpresa que ocorreu com Roberto Sobrinho em 2008, Hildon Chaves (PSDB) obteve uma virada sensacional sobre Leo Moraes em 2016. Saiu do zero, ninguém apostava um tostão na sua eleição (nem ele, cujo sonho seria disputar uma cadeira a deputado federal nas eleições seguintes), conquistando a façanha da reeleição, como tinha ocorrido também com Roberto Sobrinho. Em 2024, sete candidatos disputam o cargo, num ano com recorde de desistências de nomes expressivos, desde a ex-senadora Fatima Cleide (PT), Vinicius Miguel (PSB), Cristiane Lopes (União Brasil). Fora os que levaram rasteira, como Fenando Máximo, que perdoou seus algozes e marcha junto com eles.

Olho nos federais...

Leitores perguntaram se tem espaço para reviravoltas e até uma eventual zebra na campanha deste ano. Respondi que existe espaço para reviravoltas, isto já é uma tradição. Grandes favoritos tombaram na disputa local. Dependendo do desenrolar da campanha também pode surgir alguma zebra na reta final, nos últimos dias para azucrinar o favorito de plantão. Lembrando que os prefeitos não tem sucesso na eleição dos seus sucessores através dos tempos e que a maioria dos alcaides eleitos eram deputados federais: Jeronimo, Chiquiito, Jose Guedes, Carlinhos Camurça e Mauro Nazif. O favorito 2024 era deputado federal, Fernando Máximo, que deixou a disputa. E os favoritos agora? São os ex-deputados federais Mariana e Leo.

 Via Direta

*** Ante a situação agravada pelas queimadas e pelas grossas camadas de fumaça em Porto Velho e Manaus a Fiocruz está recomendando a utilização de máscaras o que não acontecia desde os idos do Covid. Temos uma estiagem dos infernos *** Com a PEC da anistia aprovada no Congresso Nacional aos partidos políticos, os diretórios podem pintar bordar com o dinheiro público e depois serem perdoados e anistiados *** Para aqueles que achavam que Leo Moraes tinha virado a casaca e passado para o lado dos chapas brancas: seu escritório jurídico está fazendo um bombardeio cerrado na campanha dos Golias chapas brancas. A especulação não procede mesmo. Era fake.

PUBLICIDADE
Postagens mais lidas de Carlos Sperança
Últimas postagens de Carlos Sperança