Depois de uma pesquisa de cinco anos, o poeta e escritor cearense natural de Brejo Santo, Hérlon Fernandes Gomes, lança seu primeiro romance "Paiol de Pólvora" na Mostra de Cultura de Talentos do TJRO, no Centro de Memória Judiciário de Rondônia, dia 15 de novembro, em Porto Velho. Como parte do evento, o autor fará uma exposição de suas máquinas de escrever, com modelos até dos anos 1920.
A história se passa na região do Cariri e aborda os conflitos e alianças entre os coronéis, donos do poder local e os cangaceiros à frente de ataques as cidades nordestinas, à época em que cada homem fazia as suas próprias leis. A abordagem do autor é voltada à ficção, porém embasada em longa pesquisa em arquivos e entrevistas com moradores sobre fatos narrados por parentes que testemunharam os acontecimentos.
"Paiol de Pólvora" apresenta traços e influências marcantes das obras e autores da chamada "geração de 30" de fortes cores regionalistas, entres, "Menino de Engenho", de José Lins do Rego, "O Quinze", obra inaugural da escritora cearense e primeira mulher a se tornar imortal na Academia Brasileira de Letras (ABL), Raquel de Queiroz e também do alagoano Graciliano Ramos, autor de obras fundamentais da literatura brasileira, "Vidas Secas", "São Bernardo", "Caetés", e tantos outros. Vale destacar ainda a influência, mesmo mínima, do escritor colombiano Gabriel Garcia Marques ou guardadas as devidas proporções, ao dramaturgo e novelista Dias Gomes, ambos se utilizaram do chamado realismo mágico para narrar fatos fantásticos dentro da narrativa realista.
A narrativa traça um perfil muito bem escrito englobando as pendengas políticas, as vendetas sanguinárias, os costumes da época, as crendices populares, o misticismo e influência da Igreja Católica, principalmente a força de religiosos como Padre Cícero Romão Batista, que causava temor e respeito até no mais famoso e violento dos cangaceiros, Virgulo Ferreira da Silva, vulgo "Lampião". O estilo é conciso, o diálogo direto, quase cinematográfico, econômico e que prende a atenção do leitor, porque por vezes parece um thriller sertanejo com sua narrativa repleta de suspense, ação e drama.
Construído com personagens marcantes e mesclando fatos históricos e ficção, Hérlon Fernandes Gomes, em "Paiol de Pólvora" demonstra neste primeiro romance fôlego e talento para novas empreitadas ao mundo da literatura, com muita substância, rigor à pesquisa, escrita empolgante e tudo mais que um bom autor deve ter para dar continuidade a sua obra e cativar cada mais leitores.
Sobre o autor
Hérlon Fernandes Gomes, técnico judiciário do Tribunal de Justiça de Rondônia (JRO), assessor de juiz, natural de Brejo Santo, no Cariri cearense. Chegou a Rondônia em 2010. Trabalhou na comarca de Guajará-Mirim e atualmente mora e trabalha em Porto Velho Escreveu e publicou dois livros de poesias: Geminianos (2008) e Lúmen (2014). "Paiol de Pólvora" é sua estreia no romance aos 42 anos de idade.
Humberto Oliveira