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As campanhas vacinais são dever do poder público e direito da população

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As campanhas de vacinação promovidas por municípios em consonância com o Ministério da Saúde representam um esforço coletivo para prevenir doenças, reduzir a sobrecarga do sistema de saúde e evitar mortes evitáveis. Em Porto Velho, a continuidade da vacinação contra a gripe e a ampliação temporária da faixa etária para a imunização contra o HPV são medidas que precisam ser compreendidas em sua importância e urgência.

A vacina trivalente contra a influenza, disponibilizada pelo SUS, é desenvolvida com base nas cepas que mais circularam no hemisfério sul no ano anterior. Trata-se de uma ferramenta fundamental para diminuir os riscos de complicações respiratórias, internações e óbitos, especialmente entre idosos, crianças, gestantes e pessoas com comorbidades.

A chegada do período mais propício à circulação viral, exige que a cobertura vacinal alcance o maior número possível de pessoas, antecipando o agravamento dos quadros gripais. No entanto, os baixos índices de adesão observados em diversas regiões do país, inclusive em Porto Velho, ainda preocupam.

Outro ponto que merece destaque é a intensificação da vacinação contra o HPV. A ampliação da faixa etária de 9 a 14 anos para até 19 anos, ainda que temporária, é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada. A infecção pelo papilomavírus humano está relacionada ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer. A vacina, já aplicada há anos em larga escala e considerada segura por instituições científicas nacionais e internacionais, é uma medida de saúde pública com efeitos comprovados na redução desses casos.

Apesar das evidências científicas, campanhas de desinformação têm contribuído para o aumento da hesitação vacinal. É dever dos gestores públicos combater essa tendência com informação qualificada e ações de mobilização que envolvam escolas, unidades de saúde e comunidades. A hesitação não é um fenômeno exclusivo da população — muitas vezes é reflexo da falta de campanhas claras, da escassez de profissionais capacitados para o diálogo com os usuários e da dificuldade de acesso a pontos de vacinação.

É necessário ponderar também a realidade social e econômica de Porto Velho. A zona rural extensa, os distritos distantes e a vulnerabilidade de parcelas da população impõem desafios logísticos à cobertura vacinal. O poder público precisa, mais do que nunca, investir em estratégias descentralizadas, incluindo vacinação em domicílio, horários estendidos e parcerias com a rede privada, quando necessário.

Vacinar é um ato coletivo e solidário. Proteger-se é proteger o outro. Campanhas bem planejadas, sustentadas por dados científicos e guiadas por ações coordenadas entre esferas federal, estadual e municipal, têm o potencial de salvar vidas. Cabe a todos os envolvidos — gestores, profissionais e população — compreender o alcance dessa responsabilidade.


Diário da Amazônia

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