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Em última mensagem, piloto que morreu em acidente aéreo se despediu da mãe

Matheus Henrique Gomes de Toledo, de 26 anos, morreu em acidente aéreo em Peruíbe (SP)


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Divulgação

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Matheus Henrique Gomes de Toledo, o piloto de 26 anos que morreu em um trágico acidente aéreo no último domingo, 9, na Terra Indígena Piaçaguera, em Peruíbe, litoral de São Paulo, teve um último contato com a mãe antes da queda do avião. A conversa entre mãe e filho mostra uma troca de mensagens simples, mas cheia de emoção, que aconteceu momentos antes do acidente fatal.

Tais Elena de Souza Gomes, advogada e mãe de Matheus, relembra com carinho do filho, destacando o perfil aplicado e a inteligência de Matheus, que, desde pequeno, se interessava por máquinas e motores. "Ele sempre foi um menino muito aplicado, muito inteligente e sempre teve uma paixão por máquinas, seja moto, carro ou caminhão", diz ela.

Matheus, que já era graduado em Administração de Empresas e técnico em Química, revelou sua vocação na adolescência: "Mãe, eu quero ser piloto de avião", contou ele, surpreendendo a mãe.

Tais, orgulhosa do sonho do filho, não hesitou em apoiá-lo, mesmo sabendo dos custos elevados da formação. "Eu disse para ele: 'Filho, se é o seu sonho, não tem problema, eu vendo tudo se for preciso. Vamos sonhar junto'", lembra a mãe.

A trajetória de Matheus na aviação foi marcada por dedicação e, com o tempo, ele se tornou instrutor no aeroclube local, onde ensinava alunos a pilotar.

Muitas vezes, a rota dos aviões passava bem perto da casa de Tais, que morava em uma área de Itanhaém, conhecida por suas manobras sobre a estrada ou o mar. Quando ouvia o som dos aviões, ela subia no deck de sua casa, na esperança de acenar para o filho. "Eu ficava igual uma boba, imaginando que poderia ser meu menino dentro daquele avião", conta emocionada.

Foi no dia do acidente, porém, que Tais teve o pressentimento de que o piloto que ela avistava poderia ser Matheus. "Eu fui lá fora, subi no deck e acenei, sem muita fé de que ele pudesse me ver", di\. Mas, para sua surpresa, Matheus respondeu à sua mensagem, confirmando o gesto.

A troca de mensagens aconteceu por volta das 13h30, e o último contato de Matheus com a mãe ocorreu por volta das 16h09, aproximadamente duas horas antes da queda.

"Você está com o STS? [prefixo da aeronave]", disse a mãe. "Sim, fui eu que passei aí. Duas vezes", respondeu Matheus. "Você me viu? Eu dei com a mão", questionou Taís. "Eu vi. Risos", disse o piloto, por fim.

Embora o avião que Tais avistou mais cedo não fosse o mesmo que caiu, já que a aeronave envolvida no acidente tinha o prefixo PT AKY, ela acredita que o filho tenha agido heroicamente no momento do incidente.

Para ela, a perda é irreparável, mas o último contato com o filho será algo que nunca esquecerá. "Foi quase que uma despedida, sem eu saber. Esse último adeus foi algo que me deixa com um vazio, uma dor imensa", afirma, ainda inconformada. "Mesmo sem saber, foi um último tchau. Agora, eu estou dilacerada", finaliza, emocionada.

O acidente, que aconteceu por volta das 17h50, continua sendo investigado pelas autoridades.


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