Marina é alvo de novos ataques no Congresso e reage: “Isso é machismo”
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participa, nesta quarta-feira (2/7), de uma tensa audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados. Ela foi convocada, ao invés de convidada. Nestes casos, a presença é obrigatória.
Marina voltou a ser alvo de ofensas de parlamentares de oposição durante a audiência. Evair Vieira de Melo (PP-ES) afirmou que a ministra tem "comportamento de adestrada" e é "mal-educada", enquanto o deputado Zé Trovão (PL-SC) disse que Marina seria "uma vergonha como ministra".
A ministra também foi alvo do deputado federal Cabo Gilberto (PL) que fora do microfone disse: "Calma, ministra". A fala se deu enquanto Marina fazia uma defesa ao trabalho do Ibama.
"Isso é machismo. Quando um homem ergue a voz, ele está sendo incisivo. Vocês dizem que estão contentes", frisou Marina.
Marina disse ter feito "uma longa oração" pela manhã, antes de comparecer à comissão. "Pedi a Deus para me dar calma, porque eu sabia que depois do que aconteceu no Senado as pessoas iam achar muito normal fazer o que está acontecendo, aqui em um nível piorado, mas acho que Deus me ouviu, porque eu estou em paz."
O presidente da comissão, Rodolfo Nogueira (PL-MS), também criticou Marina Silva, afirmando que a ministra age como se fosse "paladina da sustentabilidade". O deputado também argumentou que ela protagoniza "um dos capítulos mais contraditórios e desastrosos da política ambiental brasileira".
Marina Silva apresentou dados do ministério sobre seca e incêndios florestais no último ano, no Brasil e no mundo. A ministra expôs uma tendência de alta em queimadas em diferentes países. "Qualquer pessoa que não seja negacionista sabe que a seca com baixa precipitação, temperatura alta, perda de umidade, potencializa os incêndios, potencializa em todos os níveis", explicou.
Ataques no Senado
Em 27 de maio, Marina compareceu à sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal. A ocasião foi marcada por diversas ofensas à ministra, incluindo vindas do presidente do colegiado, Marcos Rogério (PL-RO), que afirmou que ela deveria "se colocar no seu lugar", o que levou a Marina a abandonar o local.
A titular da pasta, após deixar a reunião, disse ter se sentido agredida pelos senadores. "Agora o que não pode é alguém achar que porque você é mulher, porque você é preta, porque você vem de uma trajetória de vida humilde e você vai dizer quem eu sou e ainda dizer que eu devo ficar no meu lugar. O meu lugar é aonde todas as mulheres devem estar", destacou.
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