A vantagem silenciosa do Brasil
United Soybean Board
Muito se fala sobre produtividade, exportações recordes e protagonismo do Brasil na produção de alimentos, mas há uma oportunidade estratégica pouco explorada que pode reposicionar o país na bioeconomia global. Segundo José Carlos de Lima Júnior, Cofundador e Professor da Harven Agribusiness School, transformar resíduos em ativos de valor é um caminho capaz de gerar ganhos ambientais, econômicos e de competitividade.
O que hoje é tratado como subproduto ou passivo ambiental — palha, vinhaça, esterco, bagaço, casca e restos de colheita — pode se converter em biofertilizantes que reduzem a dependência externa, energia renovável em forma de biogás e biometano, além de insumos para proteína animal, biomateriais e até créditos de carbono. Trata-se de um movimento silencioso, ainda fora do centro dos debates sobre soja, milho e carne, mas que carrega o potencial de ser a próxima vantagem competitiva do agronegócio brasileiro.
Entre os fatores que tornam esse cenário promissor estão a redução da vulnerabilidade com insumos importados, a diversificação das fontes de receita do produtor e a maior soberania frente às crescentes barreiras ambientais e comerciais. Esses pontos fortalecem a resiliência e ampliam o poder de negociação do Brasil em um mercado global cada vez mais fragmentado.
Com escala, conhecimento técnico e diversidade produtiva, o país reúne condições únicas para liderar essa transformação. O desafio, porém, está em decidir se o avanço será uma resposta a pressões externas ou se o Brasil assumirá, desde já, o protagonismo de monetizar o "invisível" e consolidar sua posição na bioeconomia mundial.
"O Brasil tem escala, conhecimento técnico e diversidade produtiva para liderar essa transformação. A pergunta que precisamos levar à mesa é "vamos esperar a pressão externa para avançar, ou vamos assumir o protagonismo desde já?". Tão urgente quanto fazer essa pergunta é avançar na sua resposta", conclui.
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