Empresário alega demência para evitar processo por tráfico sexual

Os advogados do empresário Mike Jeffries, ex-CEO de uma marca popular de roupas nos EUA, informaram que ele pode não estar mentalmente apto para enfrentar o processo de tráfico sexual. Segundo a defesa, um exame neuropsicológico apontou indícios de Alzheimer ou demência, e foi solicitada uma nova perícia judicial.

Jeffries, de 80 anos, foi preso em outubro, mas liberado na mesma semana após pagar uma fiança de US$ 10 milhões. Ele responde ao processo em liberdade. Também foram presos o marido dele, Matthew Smith, de 61 anos, e um amigo do casal, James Jacobson, de 71, ambos envolvidos nas acusações de tráfico de pessoas para exploração sexual.

De acordo com a promotoria de Nova York, os três usavam força e chantagem para abusar sexualmente de homens em eventos realizados na mansão de Jeffries em Nova York ou em hotéis ao redor do mundo.

Segundo o FBI, as festas envolviam o uso de álcool misturado com Viagra e relaxantes musculares, administrados às vítimas. Jacobson seria o responsável por recrutar homens para os eventos, enviando fotos dos modelos para aprovação de Jeffries e Smith.

As investigações indicam que entre 2009 e 2015, pelo menos 12 homens foram vítimas do casal. Oito deles afirmaram que Jacobson foi o responsável por aliciá-los, prometendo empregos que nunca se concretizaram.

Uma das vítimas, David Bradberry, aspirante a modelo na época, relatou à BBC que foi forçado a realizar sexo oral em Jacobson com a promessa de que isso o levaria a conhecer Jeffries. "Era como se ele estivesse vendendo fama, e o preço fosse conformidade", disse.

Se condenados, Jeffries, Smith e Jacobson poderão enfrentar de prisão perpétua a penas mínimas de 15 anos de prisão pelas acusações de tráfico sexual.

Uma nova audiência está prevista para acontecer em junho deste ano.

A grife Abercrombie & Fitch, atualmente sob nova gestão, afirmou que não tinha conhecimento das acusações contra seu ex-CEO até que o caso fosse divulgado pela BBC. Em nota, a empresa declarou repudiar qualquer forma de abuso sexual e condenou as supostas condutas de Jeffries e seus associados. O executivo deixou o comando da companhia em 2014.

d24am