No Brasil, o Setembro Amarelo se consolida como um mês vital para a conscientização sobre a prevenção ao suicídio. Longe de ser um tabu a ser evitado, os números recentes exigem que o tema seja abordado com seriedade e urgência. Em 2024, o país registrou mais de 16 mil óbitos por suicídio, um dado que não apenas traduz dor, mas acende um alerta sobre a necessidade de ações mais eficazes. A situação é ainda mais preocupante em Rondônia, onde, conforme o Mapa de Segurança Pública, o estado viu um aumento significativo de casos nos últimos dois anos, superando a média nacional e evidenciando uma vulnerabilidade local que demanda atenção redobrada.
Estudos aprofundados apontam que a complexidade por trás desses números está frequentemente ligada a uma série de fatores interligados: transtornos mentais não tratados, a dor da exclusão e do isolamento social, o abuso de álcool e outras drogas, e situações de violência que deixam marcas profundas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que, anualmente, mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida no mundo, um lembrete sombrio de que a dor que leva ao suicídio é uma realidade global e multifacetada. Muitos dos casos depressivos chegam a um ponto de transbordamento, onde a angústia se torna insuportável. Cada história de sofrimento tem um começo - seja uma perda irreparável, uma humilhação repetida ou uma angústia que cresce sem ser ouvida.
É nesse contexto que a pergunta "Por que ouvir pode mudar o destino da história de alguém?" ganha uma dimensão crucial. O acolhimento, a escuta ativa e sem julgamentos, é um dos pilares mais poderosos na prevenção do suicídio. Quando alguém se sente ouvido, validado em sua dor e percebe que não está sozinho, um elo de esperança pode ser restabelecido.
A simples atitude de oferecer um espaço seguro para que a pessoa expresse seus sentimentos, sem minimizá-los ou oferecer soluções prontas, pode ser o primeiro passo para que ela enxergue uma saída. O acolhimento abre portas para que a pessoa aceite a ajuda de especialistas, como psicólogos e psiquiatras, e se engaje em atividades terapêuticas, sejam elas internas (como terapias individuais ou em grupo) ou externas (como práticas esportivas, artísticas ou sociais que promovam bem-estar e conexão). A escuta atenta não é apenas um ato de bondade, mas uma ferramenta vital de intervenção que pode resgatar alguém de um caminho sem volta.
Para que possamos agir de forma eficaz, é fundamental estar atento aos sinais de alerta que não podem ser ignorados. Falar abertamente sobre o desejo de morrer, expressar a sensação de que "não há saída" ou de ser um "fardo", o isolamento social progressivo, a doação de objetos pessoais importantes, e mudanças drásticas de humor são indicadores que exigem atenção imediata.
Ao perceber qualquer um desses sinais em alguém próximo, a recomendação é clara: aborde a pessoa com calma e empatia. Faça perguntas diretas, mas com gentileza, sobre como ela está se sentindo. Ouça sem julgamentos, validando a dor que ela expressa. O objetivo é conduzi-la, com todo o apoio possível, até a ajuda profissional. Lembre-se: você não precisa ser um especialista para oferecer o primeiro e mais importante passo - o acolhimento. A prevenção do suicídio é uma responsabilidade coletiva, e a sua escuta pode ser a ponte para a vida de alguém.
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