Colunas | Carlos Sperança

Da conectividade nas aldeias à polarização eleitoral em Porto Velho

Confira a coluna


A internet nas aldeias

Artigo do jornal The New York Times que reporta a chegada da internet a aldeias indígenas amazônicas pelas antenas do polêmico bilionário sul-africano Elon Musk a certa altura observa que elas também levam "pornografia" e deixaram os jovens índios preguiçosos. Eles adotaram os costumes dos brancos, grudados em telefones, participando de grupos de fofocas inúteis em redes sociais viciantes, sujeitos a golpes, caindo nas armadilhas plantadas em jogos online e muita desinformação.

Mesmo se fosse possível voltar no tempo, já antes das antenas de Musk os índios podiam dispor de celulares e sofrer os mesmos impactos que os demais povos. O objetivo é conectar mais pessoas e democratizar o acesso à rede mundial. Dá-se com o sinal da internet veloz o mesmo que ocorre com a faca peixeira bem afiada: ela pode ser usada para limpar peixes, sua finalidade explícita, mas também para cortar coisas, inclusive furar e matar desafetos. O uso que cada um faz das coisas é que faz a diferença.

Elon Musk suscita desconfiança na esquerda por apoiar líderes emergentes de extrema-direita, mas já despertou ódio na própria extrema-direita ao defender a renda básica universal - ajuda de custo que garante a sobrevivência do ser humano, origem do Bolsa Família. As pessoas não devem ser avaliadas por estar ou não em bolhas "ideológicas", mas pelo que fazem. Trazer a Internet de alta velocidade aos remotos grotões do Brasil faz bem a todos.

A terceira via

Vai se confirmando o potencial de crescimento da pré-candidata do MDB em Porto Velho Euma Tourinho já se tornando uma terceira via na polarização de largada entre a ex-deputada federal Mariana Carvalho (União Brasil) e o ex-deputado federal Leo Moraes (Podemos) na peleja pelo Prédio do Relógio, sede do Poder Executivo da capital rondoniense. O MDB tem forte estrutura e o partido é bem aquinhoado pelo fundão eleitoral. A tendência é ela se tornar mais adiante um páreo duro para os outros dois nomes de ponteira, ainda mais se escolher um bom vice e celebrar alianças convincentes.

Grande expectativa

Ainda sobre as eleições municipais em Porto Velho, é enorme a expectativa nos meios da esquerda na conjunção de esforços da Federação Brasil Esperança, que junta o PT, PC do B e Partido Verde, liderada pela-ex-senadora Fatima Cleide, com o PSB de Vinicius Miguel, com o PDT de Célio Lopes. Dando tudo certo, a coalizão terá uma candidatura única no enfrentamento com os bolsonaristas de plantão e com chances de seguir em frente. O nome escolhido seria o ungido de Lula nestas bandas. A questão agora é acertar o cabeça de chapa para encaminhar a situação para as convenções partidárias.

As convenções

Com poucos movimentos ainda nesta pré-campanha a maioria dos candidatos à prefeitura de Porto Velho aguarda as convenções de julho para ver como ficarão as coisas e finalmente se posicionar. Alguns ambicionam se tornar vices dos nomes da ponteira, outros podem desistir frente as adversidades de uma jornada difícil e dispendiosa principalmente para as siglas nanicas que não tem grande estrutura para enfrentar os postulantes mais bem armados. No tabuleiro político, Mariana tem mexido os peões com adesões importantes, como a deputada federal Cristiane Lopes, terrivelmente evangélica e bolsonarista.

Adesão importante

A adesão de Cristiane é importante para Mariana num segmento que ela tem certa rejeição, que são os evangélicos. Reduzindo esta situação ela caminha no primeiro turno como franca favorita, mas numa eleição previsivelmente em dois turnos, com tantos postulantes para seguir na segunda etapa, possivelmente com Leo Moraes (Podemos), liderança que conta com grande respaldo do eleitorado portovelhense. O interessante é que tanto Mariana, como Leo Moraes são candidatos "minhocas" da terra. Cresceram, estudaram e foram vereadores e deputados federais em nossa aldeia.

As trajetórias

As trajetórias políticas de Mariana e de Moraes têm algumas curiosidades. Mariana, desde garotinha se destacava nos meios políticos, seguindo o DNA do seu pai, o médico Aparício Carvalho, que foi vereador, deputado federal, vice-governador. Ainda adolescente participava dos encontros nacionais do PSDB com Franco Montoro, Mario Covas, José Richa, entre outros. Já, Leo Moraes, que estudou em Curitiba, se tornou ainda universitário numa grande liderança estudantil do Paraná e com boas chances de prosperar politicamente por lá, mas preferiu voltar para Porto Velho, onde iniciou - como Mariana - sua carreira como vereador.

Via Direta

*** O PSD, liderado no estado pelo ex-senador Expedito Junior está fechado na aliança que apoia a ex-deputada federal Mariana Carvalho a prefeitura de Porto Velho *** O partido integra a base de sustentação do prefeito Hildon Chaves e terá uma forte chapa de candidatos à Câmara de Vereadores *** O ex-deputado federal Leo Moraes, pré -candidato a prefeito pelo Podemos está correndo atrás de recursos pra sua campanha *** Por falar em recursos partidários, postulantes como Samuel Costa (Rede) e Ricardo Frota (Novo) vão ter que se espichar nas suas andanças, já que seus partidos não são foram bem aquinhoados pelo fundão eleitoral.

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