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Polarização Política: A disputa eleitoral em Porto Velho e a terceira via

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Fadinha amazônica

Em tempos de individualismo, a paixão pelo futebol remonta à profunda necessidade que as pessoas têm de pertencer a um grupo especial que se relaciona saudavelmente na comemoração das vitórias, extraindo delas o máximo de satisfação, e na aceitação das derrotas, aprendendo as lições que elas trazem.

A ciência explica esse sentimento por uma parte do lobo frontal do cérebro, situado logo atrás da testa. É, portanto, um sentimento físico e mental. O amor pelos esportes olímpicos vai além, entendendo que o ranking é uma vitória a cada passo e não há derrotas, apenas superações. Quando o amor ao esporte se une ao amor à natureza há um ganho superior tanto em pertencimento quanto em cidadania. É o caso do projeto Floresta Olímpica do Brasil, lançado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que apoia e participa do reflorestamento em comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas da Amazônia.

Tendo por madrinha a jovem Rayssa Leal, a Fadinha do Skate, importante ícone para a juventude pelo exemplo de sua dedicação ao esporte e às causas sociais, o projeto certamente alcançará visibilidade. Rayssa, aliás, é a embaixadora de sustentabilidade do COB, ora em preparo para as Olimpíadas, que se realizarão entre julho e agosto na França. Serão as primeiras Olimpíadas da era moderna 100% sustentáveis, com política de redução de carbono pela metade em comparação com as anteriores. Ótimos exemplos.

Grandes desafios

Apesar de duas boas administrações seguidas do atual prefeito Hildon Chaves (PSDB), o próximo prefeito de Porto Velho, a ser eleito em outubro, terá grandes desafios pela frente. A começar pelo sistema de água esgoto, com percentuais de atendimento precários, a revitalização do centro histórico, numa situação caótica, a questão da drenagem nos bairros mais baixos, que nas temporadas das chuvas ficam alagados. Temos inúmeras creches que precisam ser concluídas, que ficaram pela metade desde gestões anteriores, a situação fundiária que precisa avançar, entre outros problemas também relacionados a mobilidade urbana.

Boas gestões

O falecido prefeito Chiquilito Erse, sempre lembrava que seriam necessárias três boas administrações seguidas para colocar Porto Velho em ordem. Na sua época, no final da década de 80, a cidade crescia a 11 por cento ao ano (uma Jaru por ano) ficando praticamente impossível atender as demandas. Mas numa parceria com os então governadores do MDB como Jeronimo Santana e Valdir Raupp, Chiquilito conseguiu realizar grandes obras na época, como as avenidas Jorge Teixeira e Rio Madeira (que hoje leva o seu nome), um plano diretor exequível elaborado pela USP, Parque Ecológico etc. Deixou um bom legado.

Cidade dividida

Por ser uma cidade dividida, colonizada por tantas etnias desde a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, prefeitos e governadores sofreram horrores com a oposição, seja com calunias terríveis, até feitiços contras os mandatários, caso do prefeito Chiquilito na década de 80, alvo de missa negra nas escadarias do então Palácio Tancredo Neves, sede do executivo municipal. Governadores, como Teixeirão acusado pela oposição pelo assassinato de Agenor de Carvalho, o que foi totalmente desmentido pelas investigações, penaram na mão dos oposicionistas. Os oposicionistas quando assumiam o governo também eram igualmente massacrados e sabotados.

É recorrente

Esta historinha das empreiteiras não cumprirem o acordado, usarem a alegação da necessidade de corrigir valores para fugir dos seus compromissos e dar cano nas prefeituras e governos estaduais é muito recorrente em Rondônia. Agora mesmo assistimos à encenação daquela empresa tão elogiada pelo cronograma de obras na nova rodoviária e que teve problemas em Rio Branco e Florianópolis, para ampliar os privilégios de um contrato que ameaça não cumprir. E a rodoviária tão esperada para setembro já não tem mais nem data definida para inauguração. Sempre alertei sobre as empreiteiras e suas falácias. É preciso investigar o passado dos pilantras antes de celebrar contratos. É básico.

As dificuldades

Os partidos da esquerda e centro-esquerda de Porto Velho tem dificuldades em acertar uma chapa de consenso e as negociações seguem rolando nos bastidores. Como as convenções partidárias já começam na próxima semana, o tempo é exíguo para Fatima Cleide, da Federação Brasil Esperança (PT, PC do B e Partido Verde), Vinicius Miguel (PSB), Célio Lopes (PDT) e Samuel Costa da federação Rede/PSOL se acertarem. Mas é imperativo para a esquerda lançar candidatura única para se tornar mais competitiva no enfrentamento com o bolsonarismo.

Via Direta

*** Desde que foi anunciado o nome de Leo Moraes (Podemos) na disputa pela prefeitura de Porto Velho outras candidaturas despencaram de vez, menos a de Mariana, ainda a favorita na peleja *** Está difícil para se quebrar a polarização já firmada entre os ex-deputados federais Mariana Carvalho (União Brasil) e o próprio Leo Moraes. Mas a ex-juíza Euma Tourinho já tomou posse da figura da "terceira via" na campanha 2024 e com baita potencial de crescimento *** Por outro lado é bem provável que o deputado Marcelo Cruz, presidente da Assembleia Legislativa acabe compondo na mesa de negociações com Mariana ou Leo Moraes. É só uma questão de tempo.

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