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Violência no debate: a face da irracionalidade política

Confira o editorial


A cena lamentável de violência protagonizada pelo candidato José Luiz Datena (PSDB-SP), durante debate na TV Cultura com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, no último domingo (15) é um lamentável exemplo do declínio do decoro e da racionalidade no cenário político atual no país. Este episódio, que resultou em uma agressão física contra o adversário Pablo Marçal (PRTB-SP), representa uma violação ética e uma preocupante demonstração de despreparo para o cargo almejado.

É inadmissível que um aspirante a gestor público recorra à violência como forma de expressão ou resolução de conflitos. Tal comportamento levanta sérias questões sobre a capacidade do candidato de lidar com as pressões e responsabilidades inerentes ao cargo de prefeito de uma metrópole como São Paulo.

A irracionalidade demonstrada neste ato não condiz com o equilíbrio e a ponderação necessários para administrar uma cidade de tamanha complexidade. Mais alarmante ainda é o potencial efeito contaminador que incidentes como este podem ter sobre o processo eleitoral como um todo.

A escalada de agressividade observada nos últimos debates é um sinal preocupante de que a campanha está se desviando perigosamente do seu propósito fundamental: a apresentação e discussão de propostas concretas para os desafios enfrentados pela cidade. Os candidatos têm que ter foco nos seus planos de governo e nas soluções que pretendem implementar. Os eleitores merecem e necessitam de um debate sério e construtivo sobre questões como mobilidade urbana, saúde, educação e segurança pública. A troca de insultos e, agora, agressões físicas, empobrece o debate político, além de ser um desrespeito ao eleitorado e a própria democracia.

Repudiamos veementemente a baixaria que tem se instalado nesta campanha eleitoral. É fundamental que os candidatos elevem o nível do discurso e demonstrem maturidade política. Os partidos e as autoridades eleitorais têm a responsabilidade de coibir tais comportamentos e garantir que o processo eleitoral transcorra de forma civilizada e produtiva. É hora de os candidatos mostrarem que estão à altura dessa responsabilidade, priorizando propostas em vez de provocações, ideias em vez de insultos, e respeito mútuo em vez de agressões. Só assim poderemos ter uma eleição que verdadeiramente sirva aos interesses da população e fortaleça nossa democracia.

É hora de uma mudança de rumo nesta campanha eleitoral. Os candidatos devem se comprometer publicamente com um pacto de civilidade, priorizando o debate de ideias. As emissoras de TV e os organizadores de debates têm um papel crucial nesse processo, estabelecendo regras claras que coíbam comportamentos agressivos e incentivem discussões construtivas. Aos eleitores, cabe a tarefa de exigir esse nível de seriedade e repudiar, nas urnas, aqueles que insistem em transformar a política em um espetáculo degradante. Somente com um esforço conjunto poderemos resgatar a dignidade do processo democrático e garantir que as eleições cumpram seu verdadeiro propósito: escolher o melhor líder para guiar o futuro da cidade.

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