Diário da Amazônia

Uma pausa para o silêncio e para a consciência. Uma data para refletir sobre dor e perdão

Confira o editorial


Imagem de Capa

Foto: Reprodução

PUBLICIDADE

A Sexta-feira Santa representa um marco de silêncio, luto e introspecção para grande parte da população brasileira. Em Rondônia, onde a diversidade de expressões religiosas convive com tradições familiares e culturais profundas, essa data ultrapassa o campo da fé cristã e alcança um significado mais amplo: o da pausa necessária. Pausa para repensar, ouvir, sentir e reconhecer que a vida, muitas vezes banalizada pelo cotidiano apressado, carrega significados que só se revelam no recolhimento.

Não se trata apenas de lembrar a crucificação de Jesus Cristo — ainda que esse acontecimento seja o centro simbólico da data. A Sexta-feira Santa convida a revisitar a condição humana. Em um tempo marcado pela intolerância, pela pressa e pela superficialidade das relações, refletir sobre sofrimento, injustiça e compaixão se torna uma atitude essencial.

A morte de alguém inocente, que inspira milhões de pessoas há milênios, nos leva a perguntar o que temos feito diante das dores alheias. O sofrimento ainda se expressa nas ruas das cidades de Rondônia, onde populações enfrentam carências em saúde, educação, segurança e moradia. Ainda há quem sofra em silêncio, à margem do que se celebra ou se lamenta nas grandes datas do calendário.

É nesse ponto que a Sexta-feira Santa pode ser ressignificada. Não como um rito isolado, mas como um chamado à empatia prática. A cruz, símbolo máximo da data, pode ser compreendida também como representação das cruzes cotidianas: da pobreza, da violência doméstica, da solidão dos idosos, do abandono de comunidades invisíveis.

Nesse dia de pausa e de silêncio, há espaço para reavaliar posturas pessoais. Olhar para dentro, reconhecer erros, buscar reconciliações possíveis. Mais do que um feriado religioso, é uma chance de realinhamento com valores éticos e humanitários, num momento em que a escuta e o respeito ao outro parecem cada vez mais escassos.

A Sexta-feira Santa pode e deve ser um tempo para enxergar a vida com mais profundidade. Que essa data seja vivida com a consciência de que transformar o mundo começa por atitudes silenciosas, mas sinceras — dentro de cada um.

Compreender o verdadeiro significado da Sexta-feira Santa é mais do que rememorar um evento histórico ou religioso. É reconhecer que o cuidado com o outro, a escuta atenta, o respeito às diferenças e o compromisso diário com a justiça social devem ultrapassar o simbolismo de uma única data.

A mensagem que ecoa neste dia de silêncio e recolhimento precisa se traduzir em ações contínuas, nas relações familiares, no ambiente de trabalho e na construção de uma sociedade mais empática, igualitária e consciente do sofrimento coletivo.

Diário da Amazônia

Mais lidas de Diário da Amazônia
Últimas notícias de Diário da Amazônia