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Após edição histórica em 2025, empresários, produtores e cooperativas alertam que mudança para março pode gerar prejuízos econômicos e comprometer a imagem do evento; governo e entidades são chamados ao diálogo técnico.
A última edição da Rondônia Rural Show (RRS), realizada em Ji-Paraná, foi reconhecida de forma unânime como um evento extraordinário — uma vitrine do agronegócio e da força produtiva de Rondônia. O governador Marcos Rocha e o secretário de Agricultura, Luiz Paulo, merecem elogios públicos por conduzirem, junto à equipe de governo e aos parceiros, uma feira que a cada ano cresce em qualidade, representatividade e impacto econômico. O evento já conquistou seu espaço no calendário nacional e internacional de feiras do setor, com participação crescente de expositores, produtores, instituições financeiras e visitantes.
Por isso mesmo, e justamente em razão do notável sucesso alcançado, a Associação Comercial e Industrial de Ji-Paraná (ACIJIP) e diversas instituições representativas vêm externar uma preocupação: a proposta de alteração da data da RRS, tradicionalmente realizada em maio, para o mês de março.
"Quero começar destacando o brilhante trabalho que o governador Marcos Rocha e o secretário Luiz Paulo vêm realizando à frente da Rondônia Rural Show. A edição de 2025 foi extraordinária e consolidou a feira como um dos maiores eventos do agronegócio brasileiro. Todos que participaram — empresários, produtores rurais, cooperativas de crédito, instituições financeiras e a população em geral — puderam testemunhar o quanto o evento evoluiu e se tornou motivo de orgulho para Rondônia. Exatamente por reconhecermos essa importância crescente é que manifestamos nossa preocupação quanto à proposta de antecipar a feira para o mês de março. Ao ouvirmos diversos segmentos — expositores, produtores, cooperativas —, o entendimento foi unânime: esta mudança, sem o devido debate técnico e sem o envolvimento de todos os setores diretamente impactados, pode trazer riscos relevantes à logística, ao público e à própria imagem da feira" Informou Liomar Carvalho Presidente da ACIJIP.
Nos diálogos promovidos pela ACIJIP com empresários, produtores rurais, expositores, cooperativas de crédito e outras entidades, o posicionamento tem sido unânime quanto aos riscos e impactos negativos que tal mudança pode gerar, conforme detalhado em documentos já apresentados à sociedade e aos organizadores da feira.
É importante enfatizar que este não é um debate político. Pelo contrário, a ACIJIP e os demais signatários entendem que a RRS é hoje o maior evento econômico de Ji-Paraná e um dos mais relevantes da Região Norte, sendo um evento de negócios, planejamento e inovação — um espaço que transcende a esfera institucional e representa um ativo estratégico para toda Rondônia e a região Norte.
Razões técnicas e econômicas
Entre os fatores de preocupação destacam-se:
• Condições climáticas adversas em março, que dificultariam a logística, montagem de estandes e circulação de visitantes;
• Conflito de datas com outras feiras nacionais e internacionais do agronegócio, o que reduziria a presença de grandes indústrias e compradores;
• Impacto na capacidade de participação das cooperativas de crédito, que em março enfrentam um período crítico de assembleias e planejamento institucional;
• Momento financeiro desfavorável para o produtor rural, que em março ainda não consolidou sua safra nem suas linhas de crédito;
• Infraestrutura logística da feira e do entorno, ainda não plenamente preparada para suportar a operação de um evento dessa magnitude em período chuvoso.
Apelo ao diálogo
Em respeito ao governo e cientes da importância de preservar o bom ambiente institucional, a ACIJIP propõe que, antes de qualquer decisão definitiva, sejam realizadas audiências e reuniões com todos os segmentos envolvidos:
• Produtores rurais;
• Expositores;
• Cooperativas de crédito;
• Instituições financeiras;
• Entidades empresariais e de classe;
• Comunidade local.
Esse processo de escuta e construção coletiva será fundamental para garantir que qualquer alteração — caso se demonstre tecnicamente viável e socialmente desejada — seja fruto de um consenso claro e legítimo, e não apenas de uma decisão administrativa.
Considerações finais
A ACIJIP reitera que não é contra o governo nem contra os gestores da Secretaria de Agricultura. Ao contrário: reconhece a liderança e os avanços proporcionados pelo governador Marcos Rocha e pelo secretário Luiz Paulo no fortalecimento da Rondônia Rural Show.
Entretanto, por ser um evento que nasceu e cresceu a partir do envolvimento direto da sociedade civil e do setor produtivo — inclusive com forte protagonismo da própria ACIJIP na sua gênese —, é imprescindível que qualquer mudança estratégica em sua realização seja amplamente debatida e acordada com quem efetivamente faz a feira acontecer: produtores, expositores, instituições financeiras e a população.
Além disso, como ressaltado por muitos interlocutores, uma eventual feira esvaziada em março poderia, paradoxalmente, trazer mais riscos políticos do que benefícios à imagem dos atuais gestores. Ao passo que manter a tradição e o modelo vencedor da feira em maio poderá garantir que o sucesso do evento continue a ser reconhecido como uma das marcas do atual governo.
Por isso, reforçamos: não se trata de um embate, e sim de um convite ao diálogo. A Rondônia Rural Show é de todos os rondonienses. Que sua evolução continue sendo construída com técnica, bom senso e participação democrática.
Assessoria/ ACIJIP